NATHÁLIA CARNEIRO
YOUNG LIONS 2018 / CATEGORIA PLANNING
SEGUNDO ATO: VIOLÊNCIA INVISÍVEL
O tema em questão da 22ª Parada LGBT de Goiânia, em 2017, propagava que “Lesbofobia é crime”. Pesquisando mais a fundo sobre o tema, conversando com mulheres lésbicas e navegando pela Internet, percebi que a condição dessas mulheres era ainda mais complicada do que se nota à primeira vista. Vi então uma oportunidade para incrementar o debate iniciado no Dia da Mulher daquele ano, afinal, o tipo de violência contra a mulher lésbica quase não é notado e registrado.
Muitas mulheres lésbicas dizem sofrer tentativas do chamado “estupro corretivo”, no qual um homem ameaça estuprar uma lésbica para que ela “aprenda” a gostar de homem. Sem falar na fetichização e na própria violência física, que também não ficam evidentes nas estatísticas.
Os dados sobre as lésbicas se somam aos das mulheres e das pessoas LGBT. São minorias dentro das minorias. Falta espaço. Falta voz. Com isso, a invisibilidade lésbica norteou o conceito estratégico apresentado.
Ao pesquisar depoimentos de vítimas de atos de lesbofobia, dos mais sutis aos mais violentos, percebemos a recorrência de algumas frases carregadas de preconceito. Para elas, construímos respostas que se transformam em gritos.
Mais que um grito de socorro, é um grito de posicionamento. Está declarado o fim do silêncio. Acabou a invisibilidade. Elas têm muito a dizer. É hora de escutar. É hora de denunciar.
O ponto de partida para a escolha das plataformas de comunicação foi reverberar a voz das mulheres lésbicas como um grito e marcação de território. Fomos para as ruas com mídia out of home (LEDs); para os computadores dos funcionários da Secretaria com wallpapers; e para a Internet, por meio de ativações nas redes sociais: filme documentário com depoimentos de meninas lésbicas, filtros para fotos de perfil no Facebook, divulgação de wallpapers para celular e o compartilhamento da hashtag #AcabouOSilêncio.